quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Platonismo

Não mais de minha alcova anseio despertar
Em inconcebíveis ilusões repouso imersa
Desespero recuso-me a enfrentar-lhe
Duras tuas sentenças causaste-mo
Revelando a verdade conhecida há muito
E esmaecida docemente neste refúgio
Mas cruel espada dilacera-me
Fitando indiferença de teus olhos
Oh! Como desejaria arrancar da mente
Tal qual flores do campo, em caminhos
Extraidas são de seu leito
De vil poeta, cara musa, perdoai
Incesssante amor e egoísmo
Piedade falta a Eros em suas setas
Um vez mais, destroçou minh'alma
Com teu nome e tua beleza, tua delicadeza
Minha dama, em silêncio, deixai ao menos
Amar-te cá da triste alcova que me deito.


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Nada mais idiota que o poeta apaixonado por sua musa intocável. Nada mais triste, nada mais belo, nada mais.
Quando a alma é Romântica, não importa, não serão paisagens árcades que gerarão poemas, serão sempre quadros de cores frias e soturnas que dilaceram o corpo e a mente.
Neste instante o que mais quero é deixar este Ultra-Romantismo que me prende há tanto, mas no fim sempre acabo da mesma forma, idolatrando a musa intocável, refugiada em meu próprio egoísmo exacerbado. Pelo menos não refugio-me na boemia, ou já há muito teria sido afligida pelo Mal do Século.




"Laisse-moi te dessiner dans un désert
Le désert de mon couer"

Um comentário:

Rycker disse...

O que escreve é verdade.
Mas o que tem de errado em ser um ultra-romantista-apaixonado, um poeta idolatrando sua musa intocável? O amor nada mais é do quer dor e incerteza, mas tambem felicidade, e certeza. Um poeta idolatra alguem a qual ainda há de encontrar. Uma espada que lhe dilacera é somente a saudade de alguem, a qual sabe que esta por ai, mas ainda não encontrou.
Eu procuro alguem... a qual ainda não encontrei.